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Fotos de divulgação / Hamilton Cardoso

A população de Rio das Ostras já se acostumou a acordar cedo para acompanhar as competições de ciclismo. Mas desta vez havia um motivo a mais: a cidade sediou, no fim de semana, a etapa final da Copa Brasil de Paraciclismo. A disputa reuniu 78 superatletas, pessoas que superaram limitações físicas e histórias de dificuldades para se tornar campeões no esporte. Em diferentes categorias, os ciclistas disputaram os circuitos de Estrada (Resistência) e Contrarrelógio.

A competição conta pontos para o campeonato mundial, nos Estados Unidos, e ainda serve como uma preparação das equipes e atletas para as Paralimpíadas.

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O circuito foi montando na Rodovia Amaral Peixoto, no trecho entre a entrada de Costazul e o acesso à Lagoa de Iriry. No sábado, 23, ocorreu a disputa da modalidade Estrada, que testa a resistência dos atletas. Nas categorias que reúnem atletas com menor nível de limitação, os competidores chegaram a percorrer 59 quilômetros, em 27 voltas. No domingo, 24, foi a vez da competição Contrarrelógio, que consagrou os mais velozes.

Os paraciclistas têm histórias emocionantes, de amor à vida e ao esporte. Marleide da Silva, ao lado da sua companheira de bike, Ana Paula Elias, foi a campeã da Tandem Feminina tanto na Estrada, quanto na Contra-relógio. Marleide perdeu a visão por conta de uma doença degenerativa. Ela descobriu o mal quando estava grávida e só pensava no quanto gostaria de ver o filho antes de ficar totalmente cega, o que aconteceu quando o menino tinha 8 anos. Marleide encontrou no esporte uma nova forma de ver o mundo. Hoje ela é pentacampeã brasileira e tem títulos internacionais.

Outro supercampeão é Soelito Gohr, de Santa Catarina, vencedor da categoria C5 na Copa Brasil. Soelito já era atleta dos pedais quando, em treinamento nas ruas, foi atropelado. O acidente trouxe limitações físicas, mas a paixão pelo ciclismo não foi abalada. Tanto que hoje ele ostenta dois títulos mundiais de paraciclismo, um 4º lugar nas Paralimpíadas de Pequim e a 5a colocação, em Londes. “A gente fica muito satisfeito de ver que a cada competição são revelados novos talentos brasileiros do paraciclismo. A Copa Brasil serve para selecionar os atletas com potencial para as Paralimpíadas do Brasil”, disse Soelito.

A edição da Copa este ano fez uma homenagem ao atleta da Seleção Brasileira que representou o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012, João Schwindt, falecido em dezembro de 2012.

Ciclistas com tetraplegia e paraplegia competem com handbikes

Ciclistas com tetraplegia e paraplegia competem com as handbikes (bicicletas movidas pelos movimentos das mãos) nas categorias H1, H2, H3 e H4. Os triciclos (T1 e T2) são destinados aos que têm dificuldade de equilíbrio. Pessoas amputadas, de membros superiores ou inferiores, com ou sem prótese, utilizam as bikes (categorias C1, C2, C3, C4 e C5). Quanto maior o número da categoria, maior é o potencial funcional e menor a limitação do atleta. Os deficientes visuais utilizam as bicicletas Tandem, de dois lugares, e contam com atletas guias.