
Apesar da eficiência, a lavagem a seco demanda bem mais tempo
Marcos Adami / Do Bikemagazine
Fotos de divulgação
Publicado com autorização da revista Bike Action
Limpeza é fundamental para o bom funcionamento e conservação da bicicleta. Mas em tempos de seca é importante usar a água com prudência. Em algumas cidades lavar carros, calçadas ou desperdiçar água pode acarretar multas. Mas a boa notícia é que é possível deixar a bike limpinha usando o mínimo ou até mesmo nada de água.
Há vários produtos no mercado que permitem uma eficiente limpeza a seco e todo ciclista ecologicamente correto deve ponderar esse método de limpeza. Para enfrentar o novo cenário de crise hídrica, já existem oficinas implantando sistemas de coleta de água da chuva e processos que utilizam o mínimo de água na lavagem de bicicletas e peças.

Zompero, da Global Esporte e da Escola Park Tool
ÁGUA DA CHUVA
Uma das maneiras mais eficientes de economizar água é captar a água da chuva e armazená-la em segurança para o uso geral na oficina. A água captada no telhado é perfeita para ser usada na limpeza de bikes e da própria oficina. Pode ser também empregada para outros fins, como alimentar a descarga sanitária e torneiras de uso geral.
Em São Paulo, uma das primeiras oficinas a se preparar para os longos períodos de estiagem é a Global Esporte que investiu na coleta da água que cai de graça dos céus. A água captada é armazenada em duas gigantes caixas d’água de 5 mil litros cada.
“Com 5 mil litros eu lavo bikes durante 6 meses. Com duas caixas estamos preparados para atravessar o ano sem recorrer à água tratada da Sabesp”, explica Henrique Zompero, responsável pela Global Esporte e pela Escola Park Tool. Segundo o empresário, cada bike consome no máximo 1,5 litro na lavagem com máquina de alta pressão. “Regulamos o leque bem fechado, como um pulverizador. A água é só para amolecer a sujeira. A limpeza é feita com a esfregação manual”, conta.
Outro profissional do setor que está se adaptando à nova realidade hídrica é Ulisses Dupas, da oficina conceito Conexão Brasil, de Campinas (SP). Dupas utiliza há alguns anos uma máquina lavadora de peças que usa detergente biodegradável.
“Essa máquina ajuda a economizar água pois ela recicla e filtra a água já utilizada”. Além disso, o profissional já estuda a implantação de um sistema caseiro de coleta da água pluvial. Além do lado ecológico, a água “grátis” ajuda a diminuir sensivelmente a conta de água.
Sistemas caseiros de captação de água da chuva são relativamente fáceis de serem feitos e já existem empresas especializadas nesse serviço. Vale muito a pena para uma oficina ou para o ciclista que tem a possibilidade de coletar a chuva em seu imóvel.
MAIS TEMPO, MENOS ÁGUA
Apesar da eficiência, a lavagem a seco demanda bem mais tempo. “Esse serviço tem que ser feito devagar para ficar bom e pode levar até quatro horas. A lavagem normal é bem mais rápida”, lembra Zompero. A maioria dos clientes prefere mesmo a lavagem tradicional. “O cliente quer que a bike seja bem lavada”, explica Dupas.
Se ainda não é unanimidade entre os ciclistas, a lavagem a seco é a solução perfeita para quem mora em apartamento ou não dispõe de espaço para essa finalidade. Também é útil em viagens, já que essa limpeza pode ser feita até mesmo num quarto de hotel, por exemplo. Segundo Zompero, todos os alunos da Escola Park Tool aprendem a maneira correta de fazer essa lavagem.

O desengraxante biodegradável Algoo feito com matéria prima importada
PRODUTOS A SECO
Muitas marcas como Algoo, Finish Line, Pedros, Muc-Off, Squirt e Park Tool oferecem vários produtos para essa finalidade. São desengraxantes biodegradáveis e produtos com nanotecnologia que dissolvem as moléculas de sujeiras, escovas de vários formatos, maquininhas de lavar a corrente, tecidos especiais que limpam sem riscar etc. Existem até produtos para “banho a seco” do próprio ciclista.
Segundo Zompero, a lavagem começa com a escolha dos produtos certos. O bom é o ciclista pegar dicas com mecânicos profissionais da sua oficina favorita e adquirir os produtos necessários. Além de limpar, esses líquidos de limpeza deixam uma película protetora que dá brilho e protege a pintura.
No geral, basta um bom produto para a lavagem do quadro e outro mais poderoso para lavar a relação. Alguns produtos de limpeza são polivalentes e servem para o quadro e para as partes sujas da relação (corrente, coroas e cassete). “Os produtos devem ter sempre o pH baixo para não atacar a pintura”, diz Zompero.
O Park Tool Citrus Chain Brite CB-2, por exemplo, pode ser dissolvido em até 75% de água para a lavagem da bike completa (partes de carbono, plásticos do selim, metais etc). O mesmo produto deve ser usado puro na lavagem da relação, com o cuidado de não deixar muito tempo sobre a pintura, pois pode manchar.

Ulisses Dupas, da oficina conceito Conexão Brasil
LAVAGEM
Para uma boa lavagem a seco, retire as rodas e se possível prenda a bike de uma forma que facilite o acesso a todas as partes. Comece sempre a limpeza de cima para baixo. Limpe o cockpit (guidão e mesa), o selim e canote e venha descendo pelo quadro. Deixe a relação e as rodas por último.
Com um pulverizador (desses usados em jardinagem) aplique com abundância o produto para limpeza de quadros. Verifique atentamente no rótulo o modo de uso e a proporção da diluição. Além dos importados, a marca nacional Algoo tem uma linha de desengordurantes biodegradáveis com preços competitivos para uma embalagem de 700ml e que garante até 10 lavagens.
Deixe o produto agir por alguns minutos e então, com muito cuidado para não riscar a pintura, remova a sujeira. Existem panos especiais feitos com tecido de microfibra especial que não risca a pintura e auxilia a remoção das impurezas.
Cuidado para não misturar os panos de limpeza. Panos de “limpeza pesada” não devem ser misturados com panos de acabamento e polimento da pintura.
Se a bike estiver com lama seca, o ideal é a remoção do barro com uma escova, com extremo cuidado para não riscar.
Nas bikes com freios a disco, proteja as pastilhas, pois alguns produtos podem contaminá-las. As pastilhas e o disco de freio podem ser limpos com produtos específicos para essa finalidade.

Escovas garantem facilidade nos cantos de difícil acesso
Tenha sempre escovas de vários formatos e também algumas ferramentas para limpeza manual de cantos de difícil acesso. É o caso dos retentores da suspensão, que devem ser sempre mantidos limpos. Dupas usa uma espátula de dentista feita de material plástico para remover a sujeira acumulada na parte exposta da haste.
A parte interna dos dentes do cassete, as roldanas do câmbio e outros cantinhos são limpos com uma ferramenta de ponta aguda, pode ser um raio com a ponta afiada. Limpe as rodas com o mesmo produto usado no quadro. Os pneus podem ganhar mais brilho com produtos específicos para borracha.
Depois do quadro e das rodas, é a vez da parte mais suja de toda bicicleta, a relação.
Aplique o desengraxante, espere alguns minutos e faça a limpeza com uma escova e dê acabamento com um pano. Alternativamente, existem no mercado máquinas muito práticas para a limpeza da corrente.
Esse tipo de máquina manual tem escovas em seu interior. Basta colocar o desengraxante na máquina, encaixar na corrente e girar o pedivela para uma limpeza rápida eficiente.
Depois de limpa, é só fazer a lubrificação normal, sem exagerar na quantidade de lubrificante.
SERVIÇO
Rua Vasco Fernandes Coutinho, 449
Jardim Nossa Senhora Auxiliadora
Campinas, SP
Telefone (19) 3291-1284
CEP 13076-261
www.conexaodupas.com.br



