
Daniela Lionço no Tour de San Luis em janeiro Foto: Maximiliano Blanco/Shimano
Dani Prandi / Do Bikemagazine
Fotos de divulgação
Daniela Lionço começou a sonhar com os Jogos Rio 2016 quando viu seu nome no segundo lugar do ranking pré-olímpico na lista divulgada no final de fevereiro. “Vi que é um sonho que pode se tornar realidade”, conta a ciclista, atual campeã brasileira de contrarrelógio e de Omnium e a única brasileira que pontuou no Tour Feminino de San Luis, na Argentina, em janeiro.
Em entrevista ao Bikemagazine, a atleta de Cascavel (PR), em sua primeira temporada na equipe Funvic, destaca que, aos 27 anos, é a mais nova entre as cinco primeiras colocadas do ranking. Vale lembrar que o Brasil terá direito a duas vagas no ciclismo de estrada feminino, mas ainda há chances de se conquistar um terceiro nome, dependendo da pontuação final.
Para aqueles que sentem a necessidade de renovação no pelotão das mulheres, a ciclista desponta como uma alternativa.
Radicada em Americana, no interior paulista, há três anos, Daniela Lionço tem uma trajetória marcada pela versatilidade. Vai bem na crono, no ciclismo de pista, sobe montanhas e disputa sprints. Sua paixão pelo ciclismo começou em 2006 e a levou para a Itália, onde correu em equipes profissionais de 2008 a 2010. Depois, foi aos Estados Unidos para mais uma temporada pro antes de retornar ao Brasil. Nessa época conquistou várias vitórias, mas uma lesão no joelho a impediu de continuar. “O médico me disse: você vai precisar parar de pedalar por um tempo”, lembra.
De volta a Cascavel, ficou longe do ciclismo por um ano e meio. Recuperada, resolveu testar-se no Brasileiro de Pista de 2013 e ficou em 4º lugar. “Um bom resultado para quem estava voltando”, ressalta. Um mês depois, com um convite para disputar a Volta do México, lá estava ela de volta à estrada. “Conquistei quatro pódios e saí com a certeza de que teria de voltar para o esporte. Pensei: devo ter nascido para isso”, conta.
Um ano depois, já voltava a frequentar os pódios do Brasileiro de Pista (foi prata na Omnium e bronze na Perseguição) e integrou a seleção que disputou a Volta a El Salvador. Em 2015 foi pela primeira vez ao Tour de San Luis com a seleção brasileira. “Fui bem, trabalhei muito para a equipe, mas não apareceu uma oportunidade”, lembra.
Depois da Argentina recebeu o convite para um training camp na Itália. “Era para ficar um mês, mas acabei ficando três. Disputei provas e até recebi um convite de uma equipe, mas resolvi voltar para o Brasileiro.”

Na disputa do Brasileiro de Contrarrelógio Foto: Luis Claudio Antunes
Daniela Lionço teimou em disputar o título do contrarrelógio nas disputas nacionais em Araraquara (SP). “Tive um conflito com a equipe (de Osasco) e tive de correr com uma bike emprestada. Treinei pela primeira vez com a bicicleta na segunda-feira e a prova era na sexta-feira. Não me encaixei direito e até o último momento não sabia se iria conseguir disputar”, lembra.
Mas, com o apoio do “namorido”, o também ciclista Joel Cândido Prado Jr., lá foi ela para a largada. Pedalou tão rápido e concentrada que passou direto pela linha de chegada e só parou um quilômetro depois. “Depois de mim mais nove ciclistas, todas boas, iriam disputar. Não acreditei quando soube que tinha vencido”, conta. A vencedora marcou o tempo de 22min58s935, milésimos mais rápida que Ana Paula Polegatch (Memorial), a campeã anterior, que fez 22min58seg991.
Um mês depois, lá estava a ciclista de novo no pódio. Foi a 2ª colocada na Prova 9 de Julho e venceu mais um título nacional na Pista, na Omnium. E 2015 terminou com contrato novo e a vitória na primeira edição do GP Campinas já com a camisa da Funvic.

Daniela Lionço estreou na equipe Funvic nesta temporada Foto: Luis Claudio Antunes
Com as colegas Cristiane Pereira, Viviane Lourenço, Paula Proença e Fernanda Souza, a ciclista retornou ao Tour de San Luis no início de 2016, desta vez com a nova equipe. Dessa vez foi a melhor entre as brasileiras (o Brasil esteve representado ainda pela Seleção) e ficou em 12º lugar na classificação geral. “O nível estava muito alto, o ritmo alucinante e todas bem preparadas. Mas fui para a chegada em todas as etapas, fiz o 9º lugar no contrarrelógio, e só eu somei pontos no ranking entre as brasileiras”, destaca.
Agora, entre treinos com o companheiro pelas rodovias e no velódromo de Americana, Daniela Lionço se prepara para novas disputas internacionais, como a Volta da Venezuela e, depois, o Pan-Americano de Estrada, que será realizado em Tachira, em maio. E os Jogos Rio 2016? “Quem sabe…”
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