
Pelotão na última etapa do Tour de France de 2015, em Paris
Do Bikemagazine
Foto de divulgação/ASO
Uma coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (27 de junho) resultou em uma declaração de guerra contra o doping mecânico no Tour de France. Sistemas de detecção de calor serão usados durante todas as etapas da competição, que começa dia 2 de julho, garantiu o diretor da prova, Christian Prudhomme. O sofisticado sistema foi testado e aprovado pela Comissão de Energias Alternativas da França a pedido do governo.
Acompanhado do secretário de esportes da França, Thierry Braillard, do presidente da Federação de Ciclismo da França, David Lappartient, e do presidente da UCI, Brian Cookson, o anúncio da guerra contra os motores escondidos veio com um aviso nada sutil. “Com esta tecnologia, que foi aprovada pela UCI e pelo Tour de France, os trapaceiros vão correr grandes riscos de serem pegos”, disse Braillard. “Aqueles que querem nos enganar podem ficar preocupados”, acrescentou Prudhomme.
Cookson confirmou ainda que a UCI, que tem feito sistemáticos testes de ressonância magnética para detectar motores escondidos nas bikes, continuará a usar o método, em conjunto com o sistema de detecção de calor. O teste de ressonância magnética ajudou a UCI a encontrar, pela primeira vez, um motor em uma bicicleta, em janeiro, no Mundial de Ciclocross. Veja aqui
Há dois meses o canal francês de televisão Stade 2 e o jornal italiano Corriere Della Sera confirmaram que sete ciclistas usaram bicicletas equipadas com motores elétricos nas corridas Strade Bianche e Coppi e Bartali. A reportagem dos jornalistas Thierry Vildary e Marco Bonarrigo teve como base uma investigação particular nas provas italianas usando o sistema de detecção de calor disfarçado de câmera fotográfica. De acordo com Vildary e Bonarrigo, cinco bicicletas tinham o motor escondido no seat tube (tubo vertical) e duas traziam o motor no cubo traseiro. Os nomes dos atletas não foram revelados.
A dupla de jornalistas procurou o engenheiro húngaro Istvan Varjas, apontado por muitos especialistas como um dos inventores das bicicletas de corrida com motores elétricos ocultos. Varjas mostrou aos repórteres as primeiras versões desses motores e admitiu que o sistema vem sendo usado desde 1998 e que o equipamento funciona melhor com alta cadência de pedalada. Os micromotores elétricos atuais são muito leves, com apenas 5cm de comprimento e potência regulável que entrega até 250 Watts.
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CASO CANCELLARA
Em 2010 o suíço Fabian Cancellara – medalhista de ouro na crono e de prata na estrada nos Jogos Olímpicos de Pequim e tetracampeão do mundo de contrarrelógio individual – envolveu-se em uma polêmica sobre o uso do doping tecnológico. A denúncia de que estava usando uma bicicleta com motor embutido foi publicada pelo jornal italiano Gazzetta Dello Sport. Nas imagens da RAI feitas durante a Paris-Roubaix e o Tour de Flandres daquele ano é possível ver o atleta acionar um botão na bike e aumentar repentinamente a velocidade. Veja aqui



