
Sidney White no Velódromo Olímpico dos Jogos Rio 2016 Foto: Dani Prandi
Dani Prandi / Do Bikemagazine
Sidney White é a “voz” que faz a torcida vibrar nas provas do ciclismo e, agora, nas do paraciclismo, durante os Jogos Rio 2016. O locutor, mais conhecido como “Bacana” (apelido que veio da infância, por causa do seriado de TV “Armação Ilimitada”), já foi ciclista de estrada e de pista e sabe do que está falando. No Velódromo do Parque Olímpico suas informações são essenciais para que o público entenda o complicado sistema de pontuação das disputas. Nas competições de estrada, expõe todo o seu conhecimento ao adiantar estratégias e manter o espectador atento a tudo que acontece. Em entrevista ao Bikemagazine, Bacana contou um pouco de sua trajetória e da paixão pelas bikes.

Em dupla com o britânico Anthony McCrossan
Durante os Jogos Rio 2016, Bacana atua ao lado do britânico Anthony McCrossan, da Cyclevox, que tem 18 anos de locução de provas de ciclismo e já atuou no Giro D’Itália, Il Lombardia e nos Jogos de Londres-2012, entre outros. McCrossan em inglês e Bacana em português fazem uma dobradinha das mais animadas para os fãs do ciclismo e para quem está chegando agora no esporte.
O locutor, que é especialista em Marketing do Esporte, é de Santos e começou sua carreira na Liga Santista de Ciclismo, no final dos anos 90. Depois vieram o Tour de Santa Catarina e a Volta do Rio, entre tantas outras, ainda no início dos anos 2000. Enquanto pedalava e treinava começou a se dedicar ao novo ofício e não parou mais.
Foi o locutor dos Pan-Americanos no Rio em 2007, de edições do Tour do Rio, do X-Games de 2013 e do Aquece Rio, evento-teste do ciclismo olímpico no final do ano passado, entre tantos outros eventos. O convite para integrar a equipe dos Jogos Rio 2016 veio em janeiro. “O ano de 2016 está sendo muito bom”, comemora. Depois do Rio, entre seus próximos compromissos está a Shimano Fest, em São Paulo.

De camarote na prova de ciclismo em Copacabana
Além disso, Bacana também atua como locutor em esportes como o futebol, corrida a pé e maratona, entre outros. E conta, orgulhoso, que foi o primeiro locutor do Allianz Parque, inaugurado há dois anos. Para ele, a mistura entre “animador e comentarista” é essencial. “Tem que fazer as duas coisas”, explica.
Para Bacana, o desafio do ciclismo de pista é que a modalidade é dinâmica. “As provas são mais curtas, o público está próximo e é preciso explicar táticas e sistemas de pontuação. Na prova por pontos, por exemplo, que é uma disputa difícil de entender para quem não conhece as regras, a narração é importante para deixar claro quem está na liderança porque, às vezes, quem passa primeiro não é o vencedor”, comenta.
Já nas provas de estrada e de contrarrelógio o locutor conta que, como há mais tempo de disputa, consegue comentar táticas, antecipar movimentações do pelotão e de alguns dos ciclistas. “No ciclismo de estrada você consegue dizer tudo o que está acontecendo”. E, como já teve a experiência de dentro do pelotão, Bacana atesta: “Por ter pedalado vem a percepção de que esse ou aquele ciclista vai atacar.”
Para Bacana, um dos bons momentos dos Jogos Rio 2016 foi a prova de contrarrelógio, vencida pelo suíço Fabian Cancellara. Na crono, os espectadores puderam conferir muito de perto a largada e a chegada e acompanhar o percurso por telão, no Pontal. Os comentários do locutor serviram para aumentar ainda mais a expectativa em torno da disputa, que reuniu os grandes nomes no ciclismo World Tour, como Chris Froome e Tom Dumoulin. “Foi muito legal porque o público conseguiu sentir toda a emoção”, lembra.
Nas Paralimpíadas, Bacana conta que tem se emocionado com os ciclistas. “Você tem um incentivo para a vida, é um tapa na cara para aqueles dias que a gente não sai pra pedalar porque está chovendo, por exemplo…” O locutor diz que fica tocado principalmente com aqueles que sofrem de paralisia cerebral e cumprimenta os esforços de todos os amputados que rodam pelo velódromo. “Ali você vê como o esporte é o maior meio de inclusão.”
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