
Froome na chegada da 12ª etapa da Vuelta
Do Bikemagazine
Fotos de divulgação
Há um movimento “todos contra Froome” após o Caso Salbutamol, mas o ciclista da Sky continua sua preparação para a temporada 2018 em Mallorca, na Espanha. Nas redes sociais, adversários o acusam e depois se arrependem, os fãs reagem com amor e ódio e até a mulher de Bradley Wiggins, ex-colega de Froome na Sky, ajudou a carregar no tom em um tuíte no qual o chamou de “réptil rastejante”, para logo depois se desculpar.

Froome no programa da BBC
Enquanto isso, Froome treina e continua com o foco no Giro D’Itália, no Tour de France e no que tem que fazer para escapar dessa. Em uma entrevista ao vivo para a BBC direto da base de treinamento da Sky em Mallorca, neste domingo (17 de dezembro) o ciclista teve que se pronunciar. Um dos dez indicados das Personalidades do Esporte BBC 2017 (ficou em sétimo na votação pública, vencido pelo corredor Mo Farah), Froome classificou o que vive de “uma situação horrível” e disse que vai lutar.
Para se defender, contratou Mike Morgan, um dos advogados mais conhecidos do mundo esportivo quando o assunto é doping, que já teve como clientes o espanhol Alberto Contador e a tenista russa Maria Sharapova (leia mais aqui).
O exame de Froome mostrou um AAF (Adverse Analytical Finding, na sigla em inglês), com 2.000 nanogramas por mililitro (ng/ml) de Salbutamol, o dobro da dose permitida pela Autoridade Mundial Antidopagem (WADA). Froome diz usar o medicamento para aliviar os sintomas da asma. Como o Salbutamol é uma substância especificada e não está na lista das proibidas, o ciclista não foi notificado com uma suspensão provisória.
Mas, nesta segunda-feira (18 de dezembro), o MPCC, sigla de Movement For Credible Cycling, ou movimento por um ciclismo confiável, entidade criada em 2007 pelas próprias equipes como uma reação ao doping, resolveu dizer o que muitos estavam esperando: Froome deve ser suspenso da Sky até o final da investigação.
“É para o benefício do ciclismo que pedimos que a Sky que suspenda provisoriamente o ciclista Chris Froome até o final da investigação conduzida pela UCI. Esta medida, além disso, permitirá ao ciclista e equipe se concentrarem em sua defesa”, informa o comunicado.
Entre as lutas do MPCC estão transparência e legalidade no ciclismo. A adesão ao movimento é totalmente voluntária e, atualmente, 43 equipes estão envolvidas no projeto, sete delas World Tour: AG2R, Bora-Hansgrohe, Education-First, Dimension Data, FDJ, Lotto-Soudal e Sunweb. Note que a Sky, a equipe de Froome, não está na lista.
No dia 13 de dezembro, quando a UCI confirmou o AAF no exame de urina feito na 18ª etapa da Volta a Espanha, que ele venceu, muita gente ficou surpresa, mas não a Sky, que tinha sido notificada no dia 20 de setembro, durante o Mundial de Ciclismo em Bergen, na Noruega. O caso só veio a público, aliás, após uma apuração conjunta dos jornais The Guardian, na Grã-Bretanha, e do Le Monde, na França.
O resultado do exame colocou o título de Froome da Vuelta em xeque e toda a temporada 2018 do quatro vezes campeão do Tour de France. Vale lembrar que grandes quantidades de Salbutamol já renderam penalização antes: em 2007, Alessandro Petacchi foi suspenso por 12 meses por registrar 1.320 ng/ml em seu exame. Seu colega italiano Diego Ulissi recebeu uma suspensão de nove meses no Giro D’Itália de 2014 por apresentar 1.900 ng/ml em seu teste. Ambos, vale destacar, com índices menores do que o de Froome.
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