
O ciclista Awet Gebremedhin, da Eritreia Foto: Sérgio Gallegos
Do Bikemagazine
Foto de divulgação
A equipe Israel Cycling Academy anunciou que contratou Awet Gebremedhin Andemeskel, da Eritreia, no lugar do turco Ahmet Orken, que pediu para desistir do contrato por causa da crescente tensão no Oriente Médio (leia aqui). Awet Gebremedhin tem 25 anos e é refugiado.
O contrato com a equipe israelense é de dois anos. “Ainda não posso acreditar”, comemora o recém-contratado no comunicado à imprensa. A trajetória do ciclista apresentada inclui uma longa jornada até a Suécia, onde ficou 18 meses esperando o visto para viver legalmente no país. E pedalar.
“Esperei muito por uma oportunidade como essa, meu sonho era integrar uma equipe profissional na Europa. Houve momentos de escuridão e desespero quando quase perdi qualquer esperança de que esse milagre pudesse realmente acontecer. Mas, agora, após tudo o que tive que passar, parece que valeu a pena”, diz o ciclista.
Ron Baron, fundador da equipe, lembra que o ciclista já estava com o time, mas no grupo de novatos. Agora, com a vaga aberta, Gebremedhin, que é escalador, passa ao time principal e poderá participar de provas importantes. “Aqui está um ciclista que merece a oportunidade de realizar seus sonhos. Por isso, para nós é um momento emocionante. Estamos privilegiados por sermos nós a dar a ele a oportunidade e confiantes de que ele irá mostrar ao mundo do ciclismo suas qualidades únicas”, diz Baron.
Gebremedhin se destacou no ciclismo africano em 2009, quando passou a integrar o Zoba Debube, a maior equipe da Eritreia. Em 2013, durante o Mundial Sub 23 em Verona, na Itália, decidiu que não iria retornar ao seu país e nem competiu, fugiu para a Suécia e lá ficou até conseguir visto. “Foi o pior momento da minha vida”, conta. “Eu não podia sair e me forçava a comer muito pouco, na verdade ficava morrendo de fome. Era a única maneira de manter meu corpo magro enquanto eu mal me movia. Mas eu sabia que, sem treinar por um longo período, eu estava arriscando meu futuro como profissional”, continua.
Gebremedhin lembra que passou o tempo estudando sueco e tentando ganhar algum dinheiro. “Durante meses coletei garrafas de cerveja vazias para vender até que juntei o suficiente para poder comprar uma bicicleta, sapatilha e capacete e assim voltei a treinar.”
Em 2016 o ciclista conseguiu um contrato com um clube na Holanda (Marco Polo) e no ano passado integrou a equipe Kuwait-Cartucho.es, quando seu melhor resultado foi o 16º lugar na Vuelta de Madrid. A equipe não seguiu adiante e Gebremedhin acabou aceitando integrar a equipe de desenvolvimento da Israel Cycling Academy. Até que a história mudou.
A conferir.



