Estela Farah/Especial para o Bikemagazine
Fotos de divulgação
O pelotão encarou mais um dia conturbado na quarta etapa da Volta do País Basco nesta quinta-feira (11 de abril). A chuva e o frio não deram trégua e trouxeram ainda mais tensão a uma etapa que já prometia ser complicada em virtude do exigente percurso de 163, 6 km que ligava Vitória-Gasteiz à Arrigorriaga.
Julian Alaphilippe (Deceuninck-Quick Step) não largou, preferindo poupar-se para seus próximos compromissos nas Clássicas das Ardennes. Michal Kwiatokwiski (Sky) até chegou a largar, mas abandonou nos primeiros quilômetros, sentindo ainda as consequências físicas da queda da etapa anterior.
Com três montanhas de terceira categoria e uma de primeira a serem superadas, os corredores se mostravam apreensivos na largada. A descida final, que levava à linha de chegada, era a maior preocupação, por se tratar de um trecho muito técnico e que pelas condições do tempo seria ainda mais crítico.
Em meio à este cenário caótico, sete corajosos corredores se lançaram para formar a fuga do dia, por volta do Km 21: Carlos Verona (Movistar), Stephen Williams (Bahrain-Merida), Maxime Monfort (Lotto-Soudal), Tsgabu Grmay (Mitchelton-Scott), Alessandro de Marchi (CCC), Michael Storer (Sunweb) e Mikel Iturria (Euskadi-Murias).
Com a equipe Bora-Hansgrohe do líder Maximiliam Schachmann e a Deceuninck-Quick Step de Enric Mas comandando o ritmo do pelotão, os fugitivos chegaram à marca dos 4 minutos de vantagem, superados no Alto de Las Campas, uma das montanhas de terceira categoria presentes no percurso.
A fuga foi sendo absorvida aos poucos até que restaram apenas Carlos Verona e Alessandro Demarchi já na montanha mais importante do dia, a Bikotz Gane, a 37 km da chegada. A dupla ainda resistiu até os 13 quilômetros finais, quando então a Michelton-Scott de Adam Yates assumiu o comando do pelotão e impôs um ritmo monstruoso, buscando desgastar os oponentes de Yates e preparando o terreno para um possível ataque de seu capitão britânico, que demonstra a cada dia que não se deixa abalar pelo tempo perdido após um problema mecânico na segunda etapa que, em tese, tiraria suas opções de brigar pela classificação geral.
Na marca dos 7,2 km para a chegada, Alexey Lutsenko (Astana) abriu demais numa curva fechada e perdeu o controle, deslizando no asfalto e causando a queda de outros ciclistas. Entretanto, ao contrário do ocorrido na etapa anterior, nenhum candidato à classificação geral se envolveu gravemente na queda.
Quando o pelotão alcançou a última ascensão do dia, no trecho mais duro da montanha de Zaratamo que apresentava inclinação máxima de 11%, Adam Yates lançou seu ataque fatal, anunciado previamente pela agressiva velocidade imposta pela Mitchelton-Scott à frente do pelotão.
Os ciclistas se apressaram em reagir, mas apenas o líder Schachmann, Fulgsang e Tadej Pogacar (UAE – Emirates) foram capazes de permanecer em sua roda. Nesse momento, os demais se descolaram dos quatro e estes chegaram a abrir uma vantagem de cerca de 10 segundos do pelotão.
Yates foi superior na subida, impondo um ritmo furioso na tentativa de se destacar dos demais, sem sucesso. Na descida final, a briga pegou fogo e na reta de chegada Schachmann foi implacável mais uma vez, garantindo a vitória e fortalecendo ainda mais a sua liderança.
O desempenho surpreendente do alemão nesta Volta do País Basco, vencendo 3 de 4 etapas até o momento, repete o feito de Iban Mayo que, na edição de 2003, quando corria pela Fundação Euskadi, venceu a volta basca de forma espetacular.
A prova conta com a presença do brasileiro Nicolas Sessler (Burgos-BH), que chegou em 135º lugar, a 13min18s do vencedor.
Ainda restam duas etapas de exigência extrema para que a superioridade de Schachmann seja comprovada e os resultados se consolidem na classificação geral. Serão dois dias em que os escaladores puros devem finalmente mostrar seu estado de forma e buscar seu lugar ao sol. Ainda que o sol, de fato, ainda não tenha dado o ar da sua graça até o momento na competição.
O próximo desafio arranca em Arrigorriaga e percorre 149,8 km até o mítico Santuário de Arrate. Serão sete metas de montanha pontuáveis, cinco de terceira categoria e duas de primeira categoria. Antes, sobem a Ixua pela estrada de Matsaria, a 40 km da linha de chegada, com 3 km de extensão, totalizando 389 metros de altitude a uma inclinação média de 12,7 %, porém com trechos que chegam aos 24 %; a seguinte, Usartza, uma ascensão de 5 km com inclinações que vão desde 8.8% até 12%, atingindo 2.200m de altitude, com um ligeiro declive até a linha de chegada.
TOP 10 DA ETAPA
1 Maximilian Schachmann (Ale) Bora-Hansgrohe 4:03:45
2 Tadej Pogaar (Slo) UAE Team Emirates 0:00:04
3 Jakob Fuglsang (Din) Astana Pro Team 0:00:07
4 Adam Yates (GBr) Mitchelton-Scott 0:00:11
5 Marc Hirschi (Sui) Team Sunweb 0:00:19
6 Emanuel Buchmann (Ale) Bora-Hansgrohe m.t.
7 Patrick Konrad (Aut) Bora-Hansgrohe m.t.
8 Ion Izagirre Insausti (Esp) Astana Pro Team m.t.
9 Valentin Madouas (Fra) Groupama-FDJ m.t.
10 Bjorg Lambrecht (Bel) Lotto Soudal m.t.
TOP 10 DA CLASSIFICAÇÃO GERAL
1 Maximilian Schachmann (Ale) Bora-Hansgrohe 12:38:26
2 Ion Izagirre Insausti (Esp) Astana Pro Team 0:00:42
3 Patrick Konrad (Aut) Bora-Hansgrohe m.t.
4 Daniel Martínez (Col) EF Education First 0:00:57
5 Daniel Martin (Irl) UAE Team Emirates 0:00:58
6 Emanuel Buchmann (Ale) Bora-Hansgrohe 0:01:00
7 Jakob Fuglsang (Din) Astana Pro Team 0:01:18
8 Dylan Teuns (Bel) Bahrain-Merida 0:01:20
9 Mikel Landa (Esp) Movistar Team 0:01:25
10 Sergio Henao (Col) UAE Team Emirates 0:01:31
AS ETAPAS
Etapa 1 – 8 de abril – 11.2km Zumarraga – Zumarraga
Etapa 2 – 9 de abril – 149.5km Zumarraga – Gorraiz
Etapa 3 – 10 de abril – 191.4km Sarriguren – Estibaliz
Etapa 4 – 11 de abril – 163.6km Vitoria-Gasteiz – Arrigorriaga
Etapa 5 – 12 de abril – 149.8km Arrigorriaga – Arrate
Etapa 6 – 13 de abril – 118.2km Eibar – Eibar







