Do Bikemagazine
Fotos de divulgação
O Tour de France, que começa neste sábado (29 de agosto), está sendo considerado um dos mais difíceis da história. Além dos 3.460 quilômetros do percurso, com 29 subidas categorizadas, seis etapas com chegada ao alto e uma cronoescalada de 36 quilômetros na íngreme subida até Planche des Belle Filles, no penúltimo dia, há ainda a questão da pandemia Covid-19.
Um Tour sem abraços, autógrafos e selfies
Serão diversos protocolos para garantir a segurança do pelotão, com testes, distanciamento social e diversas mudanças – uma delas foi a exclusão das garotas do pódio nas cerimônias de premiação. Será, sem dúvida, um Tour diferente, sem o quatro vezes campeão Chris Froome, excluído da equipe Ineos, nem o sprintista Mark Cavendish, que ficou de fora da escalação da Bahrain-McLaren.
“Será um Tour de France único e singular, com muitos pontos interessantes, especialmente para os ciclistas que tiveram de se preparar de forma distinta devido a toda esta situação. Terá menos calor, mais vento, veremos menos pessoas nas ruas, provavelmente, mas a festa estará presente, respeitando as medidas sanitárias”, declarou Christian Prudhomme, diretor do Tour. “2020 não será o melhor ano para pedir autógrafos. O público poderá vir ao Tour, mas haverá um filtro mais severo. Nas montanhas, favoreceremos quem subir a pé ou de bicicleta. Mas, repito, a situação pode ser alvo de alterações a cada dia que passa”.
Primeira semana
O Tour de 2020 vai passar pelas cinco cadeias montanhosas da França. A largada será em Nice, com uma etapa de 156 km que deve terminar em sprint na Promenade des Anglais, a badalada avenida beira-mar.
A 2ª etapa vai subir o Haut Pays, com 3.700 metros de extensão, e ainda o Col d’Eze e o Col des Quatre Chemins a nove quilômetros da chegada, novamente na Promenade des Anglais. “O velocista com a camisa amarela conquistada no dia anterior estará em uma situação complicada assim que subir ao Col de la Colmiane e terá que enfrentar as curvas acentuadas em direção ao Col de Turini e, eventualmente, dirigir-se ao Col d’Eze. Uma etapa de montanha com duas passagens a mais de 1.500m já no segundo dia de corrida é uma grande estreia”, avalia Prudhomme.
Depois de Nice, o pelotão segue para o nordeste, com chegadas em Sisteron, Orcières-Merlette e o Mont Aigoual. Orcières-Merlette apareceu pela última vez no Tour em 1989, quando Steven Rooks venceu o contrarrelógio individual e Greg LeMond vestiu a camisa amarela. A subida de 1.840m de altura não é a mais assustadora – 11km a uma média de 5,9% -, mas uma chegada ao alto logo no início da disputa deve dar uma boa indicação das ambições gerais dos favoritos. Uma segunda chegada de montanha, no observatório de Mont Aigoual, também será determinante na primeira parte da competição.
O percurso seguirá então para o oeste dos Pireneus, via Millau e Cazères, na região de Garonne, para um fim de semana de pura escalada. A 8ª etapa, em Loudenvielle, vai escalar o Col de Menté, Porte de Balès e o Col de Peyresourde, em um dia dinâmico e exigente. “Um boa descida poderá fazer a diferença a cerca de dez quilômetros até o final”, afirma Prudhomme.
No dia seguinte, será a vez de percorrer o trajeto de Pau a Laruns, com o Col de la Hourcère e o Col de Marie Blancque no caminho. “Uma etapa montanhosa que começa com o Col de la Hourcère, que precede imediatamente a subida ao Col de Soudet. Pela sétima vez desde o início do Tour, os ciclistas vão pedalar a uma altitude superior a 1.500 m. Eles então lutarão na escalada extremamente íngreme até o Col de Marie Blanque antes de voltarem para Laruns”, completa o diretor do Tour.
Segunda semana
Após o primeiro dia de descanso, o pelotão será transferido 400 km ao norte, na costa do Atlântico, para a 10ª etapa, com 180 km ao redor de um deslumbrante mas possivelmente trajeto marcado por fortes ventos. “A etapa será de Ile de Re a Il d’Oleron, duas ilhas ligadas por uma etapa do Tour, que já é uma novidade para o pelotão, que poderá ter dificuldade em chegar a Saint-Martin-de-Ré. A etapa será marcada por um pecurso junto ao mar… e a travessia deverá ser com vento”, diz o diretor.
A 11ª etapa deixa a costa e segue para Poitou. “O cenário estará pronto para uma corrida rápida em Poitiers com uma reta final de 1,5 km”, avalia Prudhomme. A 12ª etapa, de Chavigny a Sarran, terá 218 km e será a mais longa do Tour de 2020. “O pelotão vai passar pelas estradas das áreas de Vienne e Haute-Vienne. Mas será em Corrèze que os mais ambiciosos poderão aproveitar a dificuldade final, o Suc au May, para fazer diferença”, continua.
O Maciço Central dos Alpes, que foi muitas vezes esquecido por razões logísticas, está de volta na 13ª etapa, com chegada em Pas de Peyrol (Puy Mary), com 1.589 metros de altura, no coração dos vulcões extintos de Auvergne. “A viagem pelo Maciço Central terminará pela primeira vez no Puy Mary e contará com o maior ganho de elevação do Tour 2020, com um total de 4.400 metros de escalada. Antes de iniciar a subida final, os ciclistas terão que lidar com o Col de Ceyssat e o Col de Neronne. Os favoritos terão de estar no seu melhor”, diz Prudhomme.
A 14ª etapa vai de Clermot-Ferrand a Lyon, um dia que promete. “Como exige a tradição dos “bouchons lyonnais” (restaurantes típicos de Lyon), o cardápio será variado e esperamos uma batalha entre os especialistas nas fugas, os escaladores e os velocistas. Primeiro no Monts du Forez, onde os ciclistas terão que subir até o Col du Béal, e, depois, principalmente no percurso urbano de cerca de 15 quilômetros em Lyon, incluindo três subidas: a Côte de la Duchère, seguida pela Montée de l ‘Observance e finalmente o Côte de la Croix-Rousse a apenas 5 quilômetros da linha de chegada”, afirma o diretor do Tour.
O Grand Colombier é o desafio antes do segundo dia de descanso. A 15ª etapa vai medir as forças dos escaladores. “Será quase uma escalada inteira ao Grand Colombier, com três das quatro estradas de acesso cobertas. A última subida da montanha começará em Culoz. A batalha promete ser intensa”, completa.
Terceira semana
A terceira semana começa com uma 16ª etapa acidentada para Villard-de-Lans, que inclui a escalada do Montée de Saint Nizier de Moucherotte antes da técnica descida final. A 17ª etapa será intensa, de Grenoble a Méribel, com chegada na recém-construída ciclovia até o Col de la Loze, a 2.304 m de altura, e passagem pelo espetacular Col de la Madeleine, em um percurso que, desde já, a torna uma mais importantes etapas da competição.
“Só um grande campeão poderá vencer no Col de la Loze. O perfil da etapa convida os favoritos do Tour à ousadia. Eles ainda não conhecem a estrada que os levará ao Col de la Madeleine e não têm ideia do que esperar uma vez no resort de Méribel. E ainda terão 7 quilômetros irregulares extras para escalar com várias passagens em mais de 20%”, adianta Prudhomme.
Ainda nos Alpes, a 18ª etapa será igualmente difícil, com o Cormet de Roseland, o Col des Saisies, o Col des Aravis e o Plateau de Glières antes da chegada em La-Roche-sur-Foron. “O trajeto é para os escaladores mais resistentes. Serão mais de 4.000 metros de escalada”, avalia.
A dois dias do final, a 19ª etapa terá chegada em Champagnole. “Os candidatos ao título e ao pódio podem ter liberdade para começar a se concentrar no desafio que aguarda o dia seguinte. Portanto, caberá aos velocistas que sobreviveram nos Alpes aproveitar a oportunidade para brilhar”, diz Prudhomme.
A 20ª e penúltima etapa será uma cronoescalada de 36 km até La Planche des Belle Filles. “Uma final com cronoescalada é imprevisível, ainda mais com uma subida íngreme como o de Belles-Filles, com 5,9 km de comprimento a uma média de 8,5%. Se as diferenças de tempo forem pequenas, as posições no pódio podem mudar drasticamente”, avalia o diretor. Vale lembrar que, na última década, a penúltima etapa do Tour foi montanhosa em cinco ocasiões: Mont Ventoux (2009), Semnoz (2013), Alpe d’Huez (2015), Morzine (2016) e Val-Thorens (2019).
E, como manda a tradição, a festa termina em Paris, na avenida Champs-Ẻlysées, com champanhe e, em tempos de pandemia, com muitas expectativas em relação às regras de distanciamento social.
*Desejamos a todos um bom Tour de France!
No Brasil, os direitos de transmissão da prova são do canal pago ESPN. Confira na grade de programação os horários das transmissões.
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AS ETAPAS
Etapa 1 – Sábado, 29 de agosto – Nice – 156 km
Etapa 2 – Domingo, 30 de agosto – Nice a Nice – 187 km
Etapa 3 – Segunda-feira, 31 de agosto – Nice a Sisteron 198 km
Etapa 4 – Terça-feira, 1 de setembro – Sisteron a Orcieres-Merlette 157 km
Etapa 5 – Quarta-feira, 2 de setembro – Gap a Privas 183 km
Etapa 6 – Quinta-feira, 3 de setembro – Le Teil a Mont Aigoual 191 km
Etapa 7 – Sexta-feira, 4 de setembro – Millau a Lavaur 168 km
Etapa 8 – Sábado, 5 de setembro – Cazeres a Loudenvielle 140 km
Etapa 9 – Domingo, 6 de setembro – Pau a Laruns 154 km
Descanso – Segunda-feira, 7 de setembro
Etapa 10 – Terça-feira, 8 de setembro – Ile de Re a Il d’Oleron 170 km
Etapa 11 – Quarta-feira, 9 de setembro – Chatelaillon-Plage a Poitiers 167 km
Etapa 12 – Quinta-feira, 10 de setembro – Chavigny a Sarran 218 km
Etapa 13 – Sexta-feira, 11 de setembro – Chatel-Guyon e Puy Mary 191 km
Etapa 14 – Sábado, 12 de setembro – Clermont-Ferrand a Lyon 197 km
Etapa 15 – Domingo, 13 de setembro – Lyon a Grand Colombier 175 km
Descanso – Segunda-feira, 14 de setembro
Etapa 16 – Terça-feira, 15 de setembro – Tour du Pin a Villard-de-Lans 164 km
Etapa 17 – Quarta-feira, 16 de setembro – Grenoble a Meribel 168 km
Etapa 18 – Quinta-feira, 17 de setembro – Meribel a La Roche-sur-Foron 168 km
Etapa 19 – Sexta-feira, 18 de setembro – Bourg-en-Bresse a Champagnole 160 km
Etapa 20 – Sábado, 19 de setembro – Contrarrelógio La Planche des Belles Filles 36 km
Etapa 21 – Domingo, 20 de setembro – Mantes-la-Jolie a Paris 122 km

























