Do Bikemagazine
Fotos de divulgação

Taylor Farrar, que foi atropelado por carro da equipe de Buenos Aires
Assim que terminou o Tour de San Luis, na Argentina, neste domingo (26 de janeiro), começaram, nos sites especializados e nas redes sociais, relatos de críticas e problemas sobre a competição. Muitos questionam se a prova, que está em sua 8ª edição, realmente merece figurar no calendário World Tour.
Primeiro, foi Taylor Farrar (Garmin-Sharp), que caiu na 6ª etapa, no sábado (25 de janeiro), quando, com 35km de percurso, foi atingido por um carro da equipe de Buenos Aires. Não foi a queda que o incomodou, mas a maneira como tudo ocorreu.
Depois, houve relatos de ciclistas locais sendo empurrados nas horas mais difíceis e até mesmo o caso de um soco no olho (!).
No caso de Farrar, o ciclista tinha ido buscar água no carro da Garmin quando um carro da equipe de Buenos Aires avançou. “Eu acho que o diretor da equipe de Buenos Aires queria muito passar e não havia espaço, então ele apenas dirigiu através de mim”, lamentou Farrar .
“Ele não buzinou. De repente, veio um borrão, senti que ele me bateu e caí.”
O motorista do carro era Hugo Perez, pai do campeão olímpico de Madison de 2008, Walter Perez, que não parou para prestar ajuda nem se desculpou. “Acidentes acontecem, mas se ele tivesse parado, saído do carro e pedido desculpas… teria sido diferente. Eu ficaria um pouco menos amargo sobre isso. Que tipo de pessoa faz isso?”, disse Farrar.
“Pedimos desculpas, lamentamos muito sobre isso”, declarou Ferrari, após o acidente.
Quem divulgou a história foi Taylor Phinney (BMC), via Twitter. “Eu critiquei, mas é porque quero ver o progresso da corrida. Quando você tem problemas, é preciso resolver esses problemas, que podem se tornar grandes problemas.”
A inexperiência das equipes locais, pouco acostumadas a provas desse nível, pode justificar alguns dos incidentes sofridos pelas Pro Tour. “Há uma mistura aqui, muita diversidade , mas todo mundo tem sua primeira vez nas corridas de alto nível”, afirmou o diretor da Garmin, Chan McRae. Jackson Stewart, diretor da equipe BMC, resumiu: “Não estive em muitas competições na América do Sul. Em todo lugar é diferente, mas em San Luis foi caótico”.
“Eu entendo que San Luis é muito importante para as equipes locais, mas chega a um ponto em que você tem que perguntar: será que vale a pena para nós, como profissionais que estão se preparando para grandes disputas, vir aqui e passar por grandes riscos?”, questiona Phinney.
No dia seguinte, a equipe Buenos Aires foi multada em 100 francos suíços. Foi a única penalidade aplicada na corrida, mas o pelotão relatou muitas outras irregularidades, nenhuma delas reportada aos comissários UCI.
Na etapa rainha, com chegada no topo do El Amago, Nairo Quintana (Movistar) dominava enquanto, de acordo com testemunhas da caravana, muitos contaram com um empurrão para a escalada. “Principalmente os ciclistas argentinos”, relata Stewart.
O belga Kenny Dehaes (Lotto-Belisol) é outro que levará más lembranças de San Luis. Na terceira etapa da prova, terminou com um olho roxo após ser agredido por um atleta da equipe de Buenos Aires. “Estávamos puxando e andando atrás da equipe Quick Step. Estava na roda de Mark Cavendish quando Walter Perez, da equipe de Buenos Aires, entrou pela direita empurrando tudo”, relata.
Faltavam 100km para a chegada e Dehaes conta que, para se proteger, ergueu o braço e empurrou Perez. “Eu só queria um pouco de respeito, mas ele respondeu me socando o olho. Eu não sei o que aconteceu, não é o que se costuma ver em uma corrida”, completa.



