
Jaqueline Mourão no revezamento da tocha em esquis com rodas Foto:Rio 2016/Marcos de Paula
Do Bikemagazine
Fotos de divulgação
A mineira Jaqueline Mourão foi a primeira brasileira a representar o mountain bike nos Jogos Olímpicos. A atleta, que participou dos Jogos de Atenas 2004 e Pequim 2008, e já ocupou o 7º lugar no ranking da UCI, comemora a volta de uma brasileira à modalidade após oito anos. “Estou feliz demais pela Raiza Goulão estar na disputa e feliz porque ela é uma das minhas MteenB”, conta a atleta ao Bikemagazine.
Vale lembrar que o MTeenB foi um projeto idealizado por Jaqueline Mourão para revelar novos talentos que nasceu em 2010 e que Raiza Goulão foi uma das participantes.

Raiza Goulão e Jaqueline se encontram no Canadá
Às vésperas dos Jogos Rio-2016, depois de ter sido uma das escolhidas para levar a Tocha Olímpica, em Salvador (BA), Jaque, porém, não vai acompanhar a festa in loco. “Eu não estarei no Brasil, a preparação para a neve já começou e tenho training camp nesta época. Vou assistir pela TV”, diz a atleta, que vive no Canadá e é a única brasileira que já participou das Olimpíadas de Verão e de Inverno. Jaque pretende encerrar sua carreira olímpica em 2018, nos Jogos de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul.
“Mas ainda vou ver a Raiza antes dos Jogos, aqui em casa, na Copa do Mundo, para desejar boa sorte e treinarmos juntas um pouco”, continua Jaque, referindo-se à etapa da Copa do Mundo de MTB em Mont-Sainte-Anne, nos dias 6 e 7 de agosto.
Para a disputa do MTB olímpico, a brasileira faz suas apostas. “No masculino, Nino Schurter parece invencível, mas tanto o tcheco Jaroslav Kulhavy (ouro em 2012) quanto o francês Julien Absalon (ouro em 2004 e 2008) podem ser ameaças”, avalia. “Mas também vai ser muito legal ver como Peter Sagan vai andar…”, completa, referindo-se ao campeão mundial de ciclismo de estrada que, nos Jogos Rio 2016, preferiu retornar ao MTB. “E, é claro, vou torcer pelos brasileiros (Henrique Avancini e Rubens Valeriano).”
“No feminino essa temporada está um suspense, com novas atletas se destacando nas últimas grandes competições. Ficarei de olho na Sabine Spitz, que sempre apresenta grandes resultados; também as canadenses estão em grande forma”, continua. “A polonesa Maja Wloszczowskae a suíça Jolanda Neff estão entre as favoritas, mas tudo pode acontecer. Será uma prova de nervos à flor da pele”, avalia.

Jaqueline em foto postada nas redes sociais em fevereiro: de volta aos treinos
Experiências
“Não tive muita sorte nos meus Jogos Olímpicos de Verão – duas Olimpíadas e dois pneus furados. Em Atenas 2004, furei, mas consegui reparar rápido e terminar na 18º colocação, resultado que continua sendo a melhor colocação brasileira em Olimpíadas e espero que seja batido no Rio 2016. Já em Pequin 2008, eu estava muito forte e bem preparada, mas o pneu furou também e tive que correr aproximadamente 1,5km para trocar minha roda, o que me tirou muito tempo, e acabei terminando na 19º colocação. Mas o que mais me motivou a não parar foi isso: a luta para chegar até uma Olimpíada é muito grande e demanda muita dedicação e amor ao esporte”, relata Jaque.
A atleta revelou que entre as duas experiências que teve em Jogos Olímpicos de Verão, a de 2008 foi difícil de superar. “O meu maior desafio foi comigo mesma, sempre me cobrei muito e por isso acredito que cheguei tão longe, mas ao mesmo tempo demorou muito para digerir meu resultado em Pequim 2008, pois tinha grandes ambições. 2008 foi um ano no qual me destaquei bastante em competições prévias e sentia que tinha feito tudo ao meu alcance para dar o meu melhor, mas falhas mecânicas acontecem.”
Carreira
“O crescimento do cross country é enorme comparado com a minha época. Nós não tínhamos provas que pontuassem no ranking e a única solução para classificar para os Jogos Olímpicos era competir fora. Muitas vezes, eu era minha empresária, manager, treinadora, massagista, agente de viagem, mecânica, etc. e também tinha que buscar recursos para fazer as viagens, que muitas vezes foram por conta própria. O caminho era traçado assim, por mim mesma, pois era um novo caminho não antes percorrido”, relata.
“O incentivo ao esporte cresceu muito. Existem mais empresas e pessoas interessadas no mercado de bike. O atleta tem mais estrutura, pode contar com uma equipe multidisciplinar e apoio nas viagens por parte da Confederação Brasileira de Ciclismo, Comitê Olímpico Brasileiro e Ministério do Esporte. Destaco também a quantidade de programas esportivos dentro do Ministério do Esporte que engloba desde as categorias de base até o alto rendimento e as construções de sedes esportivas em vários locais do Brasil. O legado Olímpico Rio 2016 já é uma realidade hoje”, diz.
Recado
E Jaque manda seu recado aos atletas : “Faça seu melhor diante das circunstâncias que te desafiam e saia com a certeza que fez o seu melhor naquele momento. Viva o ‘olimpismo’ em sua plenitude e saiba que carrega toda a nação brasileira ali naquele momento. Independentemente das dificuldades nunca desista, pois vai valer a pena. Uma participação olímpica é muito especial”.



