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Keisse na coletiva de imprensa sobre o caso

Do Bikemagazine, de San Juan
Fotos de divulgação

O belga Iljo Keisse (Deceuninck-Quick Step) foi expulso da Volta de San Juan segundo comunicado da organização da corrida nesta quarta-feira (30 de janeiro). O ciclista de 36 anos perdeu o direito de disputar a prova por “comportamento que atenta à honra e reputação da corrida” na Argentina porque simulou um ato sexual com uma funcionária de uma cafeteria.

O ciclista, que havia pedido desculpas publicamente em entrevista coletiva nesta terça-feira, terá de pagar uma multa de cerca de 3.000 pesos argentinos (cerca de 70 euros) por “ofensa à moral pública”. Na Argentina, um ato como o do belga é considerado abuso sexual.

O manager da equipe, Patrick Lefevere, mostrou seu descontentamento com a decisão e ameaçou retirar o time da disputa. “Se depender de mim, a equipe toda vai deixar San Juan. Estamos analisando o que dizem os regulamentos da UCI e, em seguida, decidiremos o que vamos fazer”, afirmou. Vale destacar que, após a 3ª etapa, o líder da classificação geral é Julian Alaphillipe, da equipe Deceuninck-QuickStep. E, na classificação das camisas, a liderança da Sub 23 está com Remco Evenepoel, também integrante do time.  

A foto que provocou polêmica na Volta de San Juan

Keisse foi denunciado por abuso sexual pela vítima depois de ter posado de forma considerada obscena por trás dela numa foto na sexta-feira (25 de janeiro), antes do início da na Volta de San Juan. “Coloquei-me junto deles para tirar uma foto e senti que me tocavam. Pensei que tinha sido um acidente, mas depois vi que os outros estavam rindo. Quando vi a foto entendi que não foi um acidente”, disse a jovem, que tem 18 anos.

Na foto vê-se Keisse atrás da mulher, com uma mão na nuca, enquanto outro ciclista faz um V com os dedos, por cima da cabeça dela. “Estou enojada. Estava trabalhando, pedi para fazer uma foto e eles me faltaram ao respeito. Dirigi-me à direção da prova e fiz uma denúncia. Espero que o punam e que o chamem atenção. Não pode vir para outro país e tratar as mulheres como se fôssemos coisas insignificantes, sem valor. Lamento se no seu país as mulheres são tratadas desta forma, mas estamos na Argentina e não pode chegar aqui e fazer o que quiser”, acrescentou a vítima, em declarações à imprensa local.

A equipe Deceuninck-QuickStep pediu desculpas pelo ocorrido e minimizou o incidente, declarando que tudo não passou de uma brincadeira. Mas a UCI (União Ciclística Internacional) não gostou da piada. “A UCI destaca que os ciclistas e suas equipes devem agir com responsabilidade e apropriadamente em todos os momentos. Gestos ou observações impróprias prejudicam a imagem e a reputação de nosso esporte e traem os valores que defendemos. Os ciclistas e as equipes com licença UCI devem agir como profissionais, seja em seu próprio país ou no exterior”, informou a entidade.

O artigo 12.4.017 do documento de disciplina e procedimentos da UCI afirma que os ciclistas estão sujeitos às regulamentações e que “devem se comportar de acordo com os princípios de confiabilidade, integridade e fair play”. Caso ocorra violação dos regulamentos, de “maneira que possa prejudicar a imagem, reputação ou interesses do ciclismo ou da UCI “, o caso deve ser encaminhado à comissão disciplinar.

Na entrevista coletiva, Keisse deu sua versão dos fatos. “Ficamos cerca de 45 minutos neste café, sexta-feira à tarde. Cada um de nós deu uma gorjeta e estávamos prestes a sair quando a garçonete pediu uma foto, como nos pedem 1.500 vezes por dia. Ela se inclinou um pouco para posar e, em um momento estúpido, fiz um movimento do qual me arrependo profundamente.”

“Eu quero deixar claro: eu não a toquei “, continuou o ciclista. “Não a toquei nem com a mão nem com as pernas. […] eu não sou um idiota. Não foi a melhor piada da minha vida.”

“Eu gostaria de me desculpar com essa mulher, isso não acontecerá novamente. Também gostaria de pedir desculpas aos argentinos, à organização da corrida, aos meus companheiros de equipe e a todos que se sentiram ofendidos com minhas ações. Só posso prometer que esse tipo de coisa nunca acontecerá novamente. Eu sou humano, cometi um erro”, afirmou.